O que é e como é viver com a endometriose

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  • Talitha Benjamin
 Endometriose

Podendo durar durante toda a vida reprodutiva da mulher, a endometriose é uma doença inflamatória causada pela presença de células do endométrio (tecido que reveste o interior do útero) em outros órgãos da pelve.

O que acontece é que, normalmente, essas células são expelidas durante a menstruação, mas, na paciente com endometriose, ela vai para o sentido oposto e vão parar em outras partes do sistema reprodutivo, onde se multiplicam e sangram, causando a lesão endometriótica.

De acordo com a Associação Brasileira de Endometriose e Ginecologia, cerca de 6 milhões de mulheres sofrem com a doença, cujos principais sintomas são dores intensas, sangramento intenso e irregular, além de infertilidade. Ela pode atingir mulheres adolescentes e adultas.

O diagnóstico da endometriose

A doença ainda é bastante difícil de ser diagnosticada por meio do exame de rotina e, por isso, é necessário fazer exames de imagem mais sofisticados para identificá-la.

Os sintomas também ocasionalmente são confundidos com outras condições do sistema reprodutivo ou tratadas superficialmente com o uso do anticoncepcional hormonal. Tudo isso faz com o que o diagnóstico seja um pouco demorado e tardio, e muitas adolescentes e mulheres passam anos sem conhecer a sua condição.

Bárbara Cristina Mellão Caldeira, aos 12 anos, já sofria com o fluxo menstrual e dores intensas. “Era bem comum eu chegar a ir para o hospital tomar analgésico na veia porque era insuportável, já cheguei até a desmaiar de dor”, conta.

Na época, Bárbara foi diagnosticada com ovário policístico e deu início a um tratamento hormonal, que acabou resultando em uma hemorragia que durou duas semanas. “Somente aos 16 anos, depois de mudar de ginecologista e fazer a ressonância com contraste, acabei descobrindo que a endometriose já estava bem avançada”.

Os exames de Beatriz Moreli Ramos, de 24 anos, que sempre teve dores intensas durante a menstruação, por muito tempo não acusaram nenhum tipo de alteração. Foi apenas depois de um episódio muito crítico que o seu ginecologista pediu uma ressonância magnética e descobriu a endometriose.

“A médica pediu para chamar o meu namorado na sala e disse que íamos ter muita dificuldade para ter filhos, a gravidez seria de risco e que talvez não valeria a pena. Eu fiquei muito chocada”.

Isso acontece porque há um risco de infertilidade associado à doença, já que a aderência do tecido endometrial a outros órgãos pode fazer com que o útero mude de lugar, fazendo com que o espermatozóide não consiga chegar onde precisa.

Tratamento e adaptação

Em geral, o tratamento para endometriose consiste em fazer o uso de medicamentos, em sua maioria hormonais, para administração dos sintomas. A outra opção é a cirurgia de laparoscopia, que permite a remoção do foco da doença e em casos mais graves, a remoção dos órgãos atingidos pelas células do endométrio. Cabe ao profissional ginecologista a determinar a gravidade da situação e receitar o melhor tipo de tratamento para a paciente.

Tanto Bárbara quanto Beatriz atualmente fazem tratamento com medicamentos. Antes, para Bárbara, um ciclo menstrual sofrido, com dores e fluxo intensos e desconfortos eram rotineiros, e afetam inclusive o seu desempenho escolar.

“Tinha dias que eu me sentia inútil por não conseguir acompanhar as aulas no ensino médio, ou até quando colegas e funcionários da escola achavam que era melindre”, desabafa. Após o tratamento hormonal, no entanto, os sintomas praticamente não existem.

Já Beatriz, que também faz tratamento com medicamentos, conta que, apesar de já estar tendo uma vivência mais tranquila com os sintomas da doença, ainda está procurando se informar sobre o quanto a endometriose vai afetar a sua vida: “fiz vários exames e passei em um médico especialista em fertilidade para saber se vou precisar de laparoscopia, se vou ter problemas para ter filhos, e por aí vai”.

Ela ainda acrescenta que foi muito difícil não ter a empatia das pessoas sobre a sensibilidade da doença: “Não me senti à vontade com o meu diagnóstico, então procurei outro médico. Para todas as mulheres com endometriose, procure um médico de confiança, com o qual você se sente confortável”, aconselha.

Assim como a paciente, muitas mulheres demoram até encontrar um profissional de confiança e que passe as informações corretas sobre essa condição. Por isso, para viver de forma tranquila, mesmo com a endometriose, o primeiro passo é contar com um médico que te dê todo o suporte necessário.

Se você apresenta os sintomas descritos, e eles prejudicam muito a sua rotina, não deixe de buscar apoio profissional. Lembre-se: não é porque mulheres naturalmente sofrem com dores menstruais que essas dores devem ser normalizadas.



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