DIU de cobre, Mirena ou Kyllena: qual o melhor tipo de DIU?

Atualmente, as mulheres podem contar com uma grande variedade de métodos contraceptivos e, dentre as opções disponíveis, há aqueles que são de longa duração: que têm durabilidade igual ou superior a três anos, dando maior liberdade para quem opta por eles.

Entre os métodos de maior durabilidade, e que ainda é reversível, está o dispositivo intrauterino – o DIU. Além de ser um recurso que retira a necessidade diária da mulher de lembrar-se (como a pílula anticoncepcional), o DIU é totalmente seguro e viável para mulheres de diferentes idades.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, o DIU é o método contraceptivo reversível mais usado no mundo. Entretanto, segundo dados do Ministério da Saúde, mesmo com tamanha popularidade mundo afora e 99% de eficácia, apenas 1,9% das brasileiras escolhem o DIU.

O que esses números apontam é que ainda há uma barreira das mulheres no Brasil em optar pelo DIU, seja pelo desconhecimento dos benefícios desse método, seja por eventuais crenças que ainda são disseminadas.

Para entender melhor sobre os tipos de DIU, eficácia de cada um deles e como escolher o melhor para você, conversamos com a ginecologista e obstetra Juliana Ramundo, profissional parceira da Gestar. 

Salon Line: o que é DIU?

Juliana Ramundo: o DIU é um dispositivo intrauterino de plástico em forma de T que é usado como contraceptivo. Dependendo do DIU, ele pode ser usado para tratamento de algumas patologias também. Este é um método altamente eficaz, fácil de usar, seguro para a maioria das mulheres, alternativa à esterilização cirúrgica definitiva, discreto e que não interfere durante o sexo (parceiro não consegue sentir), rapidamente reversível, com poucos efeitos colaterais, poucas contraindicações e com custo reduzido a longo prazo.

SL: quem pode usar o DIU?

JR: o DIU é um método ideal para mulheres que não planejam engravidar tão cedo. É um método de longa duração, não requer a atenção diária, como as pílulas diárias ou semanais e os adesivos, facilitando a vida da mulher moderna. Também são apropriados para as mulheres que não desejam ou não podem usar o estrogênio e, além disso, podem ser usados por quem que nunca teve filhos.

SL: quais são as características do DIU de Cobre?

JR: o DIU de cobre é o dispositivo que libera cobre dentro do útero e isso impede que haja a nidação (a implantação do óvulo fecundado na parede do útero), além de dificultar a própria fecundação. É um método com 99,4% de eficácia e seus efeitos colaterais são aumento da cólica, do fluxo menstrual e da secreção vaginal. Pode ser usado como contraceptivo de emergência desde que seja inserido 5 dias (preferencialmente, nas primeiras 48 horas) após a relação sexual e tem duração de 10 anos ( alguns estudos já falam em 12 anos). É um ótimo custo-benefício.

SL: quais as características do DIU Mirena?

JR: o Mirena é o DIU de levornogestrel, ele libera progesterona e isso faz com que ocorra afinamento do endométrio e mudança no muco cervical, dificultando a fecundação e nidação, e tem duração de 5 anos. Muitas pessoas entram em amenorreia (param de menstruar), o que é ótimo para patologias como endometriose, adenomiose, miomas, hiperplasia endometrial e para proteção endometrial em pacientes com síndrome dos ovários micro policísticos. Então, além de contraceptivo, ele pode ser um aliado no tratamento de algumas patologias e é ótimo para pacientes que sofrem com as cólicas menstruais. Algumas pacientes podem perceber mais espinhas e inchaço nos primeiros meses (pode ser algo transitório ou permanente durante o uso), algumas permanecem com escapes, alterações no humor e, eventualmente, na libido.

SL: quais são as características do DIU Kylenna?

JR: o Kylenna é o novo Mirena, ele é menor, por isso seria de mais fácil inserção e tem menos hormônio (tem 19,5 x 52 mg Mirena), em contrapartida ele só é eficaz para contracepção. Tanto ele quanto o Mirena têm uma taxa de eficácia de 99,8% (comparável à laqueadura tubária). Tem os mesmos benefícios do Mirena com menos efeitos colaterais.

SL: quais são as possíveis complicações?

Podem ter algumas complicações como: perfuração uterina (é bem incomum, mas pode acontecer durante sua inserção), expulsão do DIU (mais frequente quando o DIU é colocado nas primeiras 48 horas pós-parto) e gestação ectópica (o DIU aumenta as chances de gestação nas trompas). Algo muito importante é: o DIU não causa infecção, porém se durante a inserção a paciente tiver com algum corrimento patológico a inserção não pode ser feita, pois pode levar patógenos para dentro do útero.

SL: é possível usar coletor menstrual se estiver usando o DIU?

JR: isso é uma dúvida muito comum e até alguns profissionais se enrolam com essa pergunta. A resposta é: pode SIM. O coletor, assim como o DIU, veio para revolucionar e dar mais facilidade para a vida da mulher, então, claro, que quem tem DIU pode usar coletor. Mas deve-se ficar mais atenta, pois o DIU fica com as cordinhas para fora do útero, então, muito cuidado quando for colocar e tirar o coletor para não puxar a cordinha e tirar o DIU também. O vácuo do coletor não é suficiente para deslocar o DIU, mas deve-se ter o mesmo cuidado na hora de desfazê-lo.

SL: como escolher o melhor DIU?

JR: o melhor DIU é aquele que se encaixa com sua realidade. Vá ao seu ginecologista, converse sobre suas expectativas e escolha o que mais combina com você! Independente do DIU que você escolher, estará protegida. LEMBRANDO: DIU não protege contra ISTs(Infecções Sexualmente Transmissíveis) e não existe nenhum método 100% seguro.

Se depois de conhecer a eficácia do DIU você considerar essa opção, converse com seu ginecologista e, juntos, decidam qual o melhor DIU para você. E nunca se esqueça que, mesmo depois de colocar o DIU, você deve continuar usando camisinha.