Por que a bipolaridade deve ser tratada com seriedade e carinho?

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  • Luana Queiroz
 Bipolaridade

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o transtorno bipolar atinge atualmente cerca de 140 milhões de pessoas no mundo. Embora esse seja um número bem expressivo, essa grande parcela da população mundial convive mais do que com os sintomas, mas com mitos em torno da bipolaridade.

Recente pesquisa do IPq (Instituto de Psiquiatria) do Hospital das Clínicas da USP mostrou que há quem creia que a bipolaridade é apenas um problema emocional que não requer tratamento com medicação. E entre os frequentadores de encontros no instituto, 40% têm crenças errôneas sobre a natureza da doença, o papel da família e os efeitos da medicação.

Mas como desmistificar e não propagar informações falsas, tampouco preconceitos? A informação pode ser a chave.

O que é bipolaridade?

O transtorno bipolar é um distúrbio psiquiátrico que tem como principal característica a alternância de momentos de depressão com os de euforia e, entre eles, períodos assintomáticos.

Mas por se tratar de um transtorno complexo, uma pessoa bipolar pode ter mais que flutuações de humor – aliás, essa percepção trouxe uma vulgarização da doença, em que muitas pessoas acreditam que uma simples mudança de humor caracteriza alguém como bipolar.

Na verdade, no transtorno bipolar, esses comportamentos não mudam de um dia para o outro. Além disso, há casos em que o indivíduo apresenta apenas a fase da depressão, outros apenas de excitação.

Quais os sintomas de transtorno bipolar?

A bipolaridade é uma doença caracterizada por episódios, ou seja, possui diversos sintomas. Por exemplo, o transtorno bipolar tipo 1 tem episódios que oscilam entre depressão e mania severa, já o transtorno bipolar tipo 2 oscila entre depressão profunda e a hipomania (tipo de mania mais leve).

Nos episódios de mania, a pessoa bipolar pode apresentar irritabilidade, hiperatividade, insônia, impulsividade e psicose; nos episódios de depressão, tristeza sem motivo aparente, perda de interesse em prazeres, memória fraca e perda de energia;  nos episódios mistos, delírios, alucinações, ansiedade, fuga de ideias, transtorno do pensamento e lentidão psicomotora.

O que causa bipolaridade?

Ainda não foi determinado pela ciência o que causa a bipolaridade, mas alguns estudos sugerem que o transtorno esteja ligado a fatores genéticos, alterações em certas áreas do cérebro e nos níveis de vários neurotransmissores.

Pela complexidade, o transtorno bipolar é de difícil diagnóstico, podendo levar até dez anos para ser concluído, já que os sintomas podem ser confundidos com os de outras doenças, como esquizofrenia, depressão maior, síndrome do pânico e distúrbios da ansiedade, além de todo o preconceito em volta da doença que faz com que esses indivíduos não busquem ajuda.

Como o diagnóstico do transtorno bipolar é clínico, o histórico do paciente é decisivo, pois através dele será possível identificar alterações de humor e episódios atuais ou passados de depressão. Outro fator importante que ajuda no diagnóstico é o relato dos sintomas pelo próprio paciente e por amigos ou familiares.

Bipolaridade tem cura?

O transtorno bipolar não tem cura e é uma condição para a vida toda, por isso, requer acompanhamento e tratamento regular e contínuo com profissionais especializados, como psicólogos e psiquiatras.

Dependendo do tipo, é possível seguir diferentes tratamentos para transtorno bipolar, como o uso de medicamentos, psicoterapia e mudanças no estilo de vida, como não consumir substâncias psicoativas, (cafeína, anfetaminas, álcool e cocaína, por exemplo), desenvolver hábitos mais saudáveis de alimentação, maior qualidade de sono e reduzir os níveis de estresse.

Por mais que a bipolaridade não tenha cura, o preconceito e estigmas em torno da doença tem. É preciso tratar o transtorno bipolar com seriedade, acolher e ajudar aqueles que convivem com a doença, tanto a pessoa bipolar quanto sua família. Demonstre apoio e não propague mitos.



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